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Prof. Salomão |
CCA - Quando surgiram as primeiras formas de agricultura?
Prof. Salomão - Surgiram aproximadamente a 10 mil anos atrás, no período da pré história denominado Neolítico. Inúmeros fatores, concorreram para que a agricultura fosse possível nesse período. Dentre eles podemos citar: domesticação de espécies de animais e vegetais, o clima mais ameno e adequado ao cultivo de alimentos, o uso de técnicas (fogo e algumas ferramentas), assim como o emprego de esterco animal para fins de adubação.
CCA - Antes do surgimento da agricultura, como o ser humano obtinha seu alimento?
Prof. Salomão - Através da pesca e da coleta (frutos, raízes e folhas).
CCA - Primeira Revolução Agrícola e Segunda Revolução Agrícola. Qual o significado dessas expressões?
Prof. Salomão - Primeira Revolução Agrícola se refere a um modelo de agricultura moderna formatado no século XVIII e que apresenta as seguintes características: integração da produção agrícola e pecuária; domínio sobre as técnicas de produção em maior escala; intensificação do uso de rotação de cultura com plantas forrageiras.
Já a Segunda Revolução Agrícola, se desenhou na segunda metade do século XIX, até o início do século XX. Ela marcou uma série de descobertas científicas e avanços tecnológicos. Suas características mais notáveis são: melhoramento genético das plantas e o uso de fertilizantes químicos; distanciamento da produção vegetal, da produção animal; prática da monocultura.
CCA - A "Revolução Verde" e a agricultura convencional tem alguma relação com esse tipo de agricultura oriunda da Segunda Revolução Agrícola?
Prof. Salomão - Nada surge do nada. Tanto a "Revolução Verde" quanto a agricultura convencional, são filhas da Segunda Revolução Agrícola. O know how da Segunda Revolução Agrícola, aliado a outras práticas agrícolas, como o uso de variedades melhoradas, irrigação, uso intensivo de insumos industriais, sobretudo os fertilizantes químicos e agrotóxicos, e uso intensivo de maquinário agrícola no preparo do solo permitiram o aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as décadas de 60 e 70 e o advento da agricultura convencional.
CCA - A agricultura convencional é ambientalmente sustentável?
Prof. Salomão - Em absoluto. Esse tipo de agricultura vai de encontro as leis que regulam o equilíbrio e o funcionamento dos ecossistemas. Ela reflete a racionalidade antropocêntrica do homem contemporâneo. Homem este, rico de conhecimentos científicos e tecnológicos, porém, empobrecido de sensibilidade antropoecológica. É por essa razão que a sociedade do tempo presente está enferma biológica, emocional, psicológica e noeticamente. Ela se distanciou da natureza, refugiando-se na caverna das comodidades midiáticas. Volto a reiterar: a agricultura convencional da maneira que ela é empreendida, é anti natural, pois prioriza a monocultura e grandes extensões de plantações; causa desequilíbrios ecológicos severos; usa de insumos e agrotóxicos de maneira abusiva; degrada o solo e os recursos hídricos, provoca desmatamentos; fomenta pouquíssimos empregos; gera a concentração fundiária; acelera a favelização das zonas urbanas, pois instiga o exôdo rural.
Como se vê, essa agricultura é insustentável ecológica e socialmente. Ela sómente é "sustentável", para uma minoria que privatiza os lucros e socializa os impactos ambientais negativos.
CCA - Da forma como o senhor coloca, dá a entender que a agricultura convencional não tem valor algum?
Prof. Salomão - O perigo de quem fala ou escreve é que muitas vezes ele pode ser incompreendido. Esse modelo de agricultura tem seus méritos: aumentou a produção mudial de alimentos e diminuiu os custos de produção (benefícios repassados aos consumidores). Entretanto, os resultados ambientais e sociais não foram tão positivos. Como já foi dito alhures, a agricultura convencional provoca lamentáveis impactos socioambientais. Dentre eles podemos citar:
CCA - Se a agricultura convencional é tão impactante socioambientalmente, qual seria o melhor sistema agrícola?
Prof.Salomão - Seria o sistema agrícola que afeta minimamente o meio ambiente. Em outras palavras, conserva o solo, a água, os recursos genéticos animais e vegetais, a biodiversidade. Além do mais é economicamente viável e socialmente aceitável.
São alguns exemplos de sistemas agrícolas sustentáveis: agricultura orgânica, agricultura biodinâmica, agricultura natural e permacultura. Todos eles integram as diversas descobertas e estudos da natureza e suas inter-relações aos aspectos econômicos, sociais e ambientais da produção de alimentos.
*Prof. Ms. Aguinaldo Salomão Silva - Professor de Biologia, Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, Educador Ambiental, Gerente de Projetos Socioambientais e Consultor Ambiental.
Prof. Salomão - Surgiram aproximadamente a 10 mil anos atrás, no período da pré história denominado Neolítico. Inúmeros fatores, concorreram para que a agricultura fosse possível nesse período. Dentre eles podemos citar: domesticação de espécies de animais e vegetais, o clima mais ameno e adequado ao cultivo de alimentos, o uso de técnicas (fogo e algumas ferramentas), assim como o emprego de esterco animal para fins de adubação.
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CCA - Antes do surgimento da agricultura, como o ser humano obtinha seu alimento?
Prof. Salomão - Através da pesca e da coleta (frutos, raízes e folhas).
CCA - Primeira Revolução Agrícola e Segunda Revolução Agrícola. Qual o significado dessas expressões?
Prof. Salomão - Primeira Revolução Agrícola se refere a um modelo de agricultura moderna formatado no século XVIII e que apresenta as seguintes características: integração da produção agrícola e pecuária; domínio sobre as técnicas de produção em maior escala; intensificação do uso de rotação de cultura com plantas forrageiras.
Já a Segunda Revolução Agrícola, se desenhou na segunda metade do século XIX, até o início do século XX. Ela marcou uma série de descobertas científicas e avanços tecnológicos. Suas características mais notáveis são: melhoramento genético das plantas e o uso de fertilizantes químicos; distanciamento da produção vegetal, da produção animal; prática da monocultura.
CCA - A "Revolução Verde" e a agricultura convencional tem alguma relação com esse tipo de agricultura oriunda da Segunda Revolução Agrícola?
Prof. Salomão - Nada surge do nada. Tanto a "Revolução Verde" quanto a agricultura convencional, são filhas da Segunda Revolução Agrícola. O know how da Segunda Revolução Agrícola, aliado a outras práticas agrícolas, como o uso de variedades melhoradas, irrigação, uso intensivo de insumos industriais, sobretudo os fertilizantes químicos e agrotóxicos, e uso intensivo de maquinário agrícola no preparo do solo permitiram o aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as décadas de 60 e 70 e o advento da agricultura convencional.
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http://geografiaetal.blogspot.com.br/2011/08 /nao-confunda-agricultura-familiar-com.html |
CCA - A agricultura convencional é ambientalmente sustentável?
Prof. Salomão - Em absoluto. Esse tipo de agricultura vai de encontro as leis que regulam o equilíbrio e o funcionamento dos ecossistemas. Ela reflete a racionalidade antropocêntrica do homem contemporâneo. Homem este, rico de conhecimentos científicos e tecnológicos, porém, empobrecido de sensibilidade antropoecológica. É por essa razão que a sociedade do tempo presente está enferma biológica, emocional, psicológica e noeticamente. Ela se distanciou da natureza, refugiando-se na caverna das comodidades midiáticas. Volto a reiterar: a agricultura convencional da maneira que ela é empreendida, é anti natural, pois prioriza a monocultura e grandes extensões de plantações; causa desequilíbrios ecológicos severos; usa de insumos e agrotóxicos de maneira abusiva; degrada o solo e os recursos hídricos, provoca desmatamentos; fomenta pouquíssimos empregos; gera a concentração fundiária; acelera a favelização das zonas urbanas, pois instiga o exôdo rural.
Como se vê, essa agricultura é insustentável ecológica e socialmente. Ela sómente é "sustentável", para uma minoria que privatiza os lucros e socializa os impactos ambientais negativos.
CCA - Da forma como o senhor coloca, dá a entender que a agricultura convencional não tem valor algum?
Prof. Salomão - O perigo de quem fala ou escreve é que muitas vezes ele pode ser incompreendido. Esse modelo de agricultura tem seus méritos: aumentou a produção mudial de alimentos e diminuiu os custos de produção (benefícios repassados aos consumidores). Entretanto, os resultados ambientais e sociais não foram tão positivos. Como já foi dito alhures, a agricultura convencional provoca lamentáveis impactos socioambientais. Dentre eles podemos citar:
- degradação dos solos pela ocorrência de erosão, acidificação, salinização e compactação;
- desmatamentos ilegais;
- perda da conservação dos recursos genéticos e da biodiversidade pela especialização dos produtos;
- contaminação da água, solos, ar e dos alimentos pelo uso inconveniente de adubos químicos e agrotóxicos;
- intoxicação de agricultores, trabalhadores rurais e consumidores pelo uso indevido de agrotóxicos;
- aparecimento de novas pragas e surgimento de pragas resistentes;
- concentração de renda e exclusão social.
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http://blogooba.blogspot.com.br/2010_04_01_archive.html |
CCA - Se a agricultura convencional é tão impactante socioambientalmente, qual seria o melhor sistema agrícola?
Prof.Salomão - Seria o sistema agrícola que afeta minimamente o meio ambiente. Em outras palavras, conserva o solo, a água, os recursos genéticos animais e vegetais, a biodiversidade. Além do mais é economicamente viável e socialmente aceitável.
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http://www.emquemundovocevive.com.br/bem-estar/page/7/ |
São alguns exemplos de sistemas agrícolas sustentáveis: agricultura orgânica, agricultura biodinâmica, agricultura natural e permacultura. Todos eles integram as diversas descobertas e estudos da natureza e suas inter-relações aos aspectos econômicos, sociais e ambientais da produção de alimentos.
*Prof. Ms. Aguinaldo Salomão Silva - Professor de Biologia, Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, Educador Ambiental, Gerente de Projetos Socioambientais e Consultor Ambiental.
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