O Clube de Ciências Socioambientais, promoveu no dia 22 de setembro, uma trilha ecológica. O local visitado que nos serviu como instrumento básico de uma educação ambiental ao ar livre, foi o Parque Olhos D'Água, também conhecido como Parque Ecológico e de Uso Múltiplos Olhos D'àgua.
 |
Parque Olhos D'àgua - Lagoa do Sapo |
Um breve histórico
Fundado em 1994 o Parque Olhos D'àgua é um parque público, ecológico e de lazer localizado no Distrito Federal, na região administrativa de Brasília, Asa Norte, nas quadras SQN 413 e 414. Possui aproximadamente uma extensão de 21 hectares.
 |
Vista aérea de Brasília |
Registros historiográficos assinalam que no lugar onde se encontra atualmente o Parque, havia um aglomerado de invasões antrópicas. No entanto, a comunidade circunjacente, percebendo que os invasores humanos estavam provocando impactos ambientais negativos, tais como desmatamento, queimadas, destruição de nascentes, acúmulo de lixo, tráfico de entorpecentes e outros, se reuniu e em sinergia com o poder público idealizaram um projeto de parque ecológico urbano. Para que o projeto do Parque Olhos D'àgua, se materializasse, foi preciso que o Governo do Distrito Federal (GDF) investisse cerca de R$ 700 mil para urbanizar e proteger a área.
Estrutura
O parque possui uma pista de cooper de mais de 2Km, um parque infantil, circuito de exercícios físicos, além de uma trilha interna. Cotidianamente, ele é visistado pela comunidade da Asa Norte e entorno.
 |
Pista de cooper |
O Olhos D"Àgua, é fiscalizado por policiais do batalhão Florestal da Polícia Militar do DF. O parque é subordinado à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF. É cercado seu limite e têm seguranças que trabalham no local 24 horas.
Há um quiosque de madeira onde acontecem eventos culturais dos mais variados matizes.
Biodiversidade
A vegetação típica da região, o Cerrado, é preservada no parque.Contudo pode se ver ainda resquícios de espécies da antiga ocupação, que era de pequenas chácaras, como bananeiras, mangueiras, figueiras, etc.
No que diz respeito a flora nativa, destaca-se o angico, a espécie mais numerosa no parque. Aparecem igualmente as raras e interessantes trepadeiras "Papo de Peru", principalmente junto à ponte sobre o riacho da Lagoa do Sapo. (O nome Lagoa do Sapo vem da denominação de uma antiga Sociedade Amigos do Parque Olhos D'àgua). Na época da floração a "Papo de Peru", exala um odor de carne podre, que atrai insetos que são digeridos pela planta.
A fauna é bastante diversificada, principalmente nas aves e insetos. Dentre os mamíferos já foram observados, gambás e preás.
Um dos maiores problemas do parque, é a mania de alguns visitantes de soltura no local de espécies exóticas, que, encontrando um nicho ecológico vazio, passam a dominar as espécies nativas. Como exemplo, é o caso lamentável das tratarugas tigre d'água asiáticas, que existem em grande número na Lagoa do Sapo, onde também estão em expansão patos domésticos e tilápias.
 |
Tartaruga tigre d'água |
Outro fato negativo é a atitude de certos frequentadores em levar pão para alimentar os animais da Lagoa. Esse comportamento aparentemente generoso, é muito ´preocupante do ponto de vista ecológico e sanitário, visto que acaba atraindo uma enorme quantidade de ratos e ratazanas para o âmbito do parque. A alguns anos atrás, um casal de coelhos foi solto na área do parque e começou a reproduzir até chegarem a aproximadamente 40 filhotes. Felizmente, todos os coelhos foram retirados por técnicos ambientais.
A trilha ecológica
A trilha ecológica organizada pelos professores Ten Elton e Salomão, ambos coordenadores do Clube de Ciências Socioambientais "Marechal Cândido Rondon". Essa excursão ecológica, contou com a participação da professora de artes, Ten Monalisa, do Sub Oficial da Aeronáutica Jackes e dos alunos que integram o Clube de Ciências Socioambientais.
 |
Professores Ten Elton (Biologia), Ten Monalisa (Arte), Salomão (Biologia),
Sagento Jackes, Odonon (diretor do parque Olhos d"Água),
e alunos do Clube de Ciências Socioambientais |
Durante a caminhada na trilha, foram abordados diversos assuntos:
- Ecossistema
- Ecossistema antrópico e ecossistema natural
- Componentes bióticos e abióticos de um ecossistema
- Biofertilizante
 |
Utilização de minhoca no processo de compostagem |
- Cadeia e teia alimentar
- Relações ecológicas harmônicas e desarmônicas
- biomassa
- serviços ambientais prestados pelas árvores
- matas ciliares
- erosão e assoreamento
- ciclo da água
- lençol freático
- desequilíbrio ecológico causado por ação antrópica
- biodiversidade
- biopirataria
- plantas fitoterápicas
- principais grupos vegetais
- Arquitetura sustentável
- Ciclos biogeoquímicos
- Impactos ambientais
- E outros
Considerações finais
A trilha ecológica empreendida no Parque Olhos D'Àgua, possibilitou tornar o conhecimento pertinente, contextualizado e real.
 |
Contextualizando mata de galareia com erosão e assoreamento dos rios |
Foi possível observar nos alunos o entusiamo e a atenção profunda pelos temas que foram desenvolvidos no percurso da trilha.
Durante todo o trajeto nossas intervenções pedagógicas estiveram focadas numa educação ambiental holística, participativa, democrática e humanista.
O meio ambiente não se restringe unicamente a ecologia ou a biologia. O meio ambiente dentro da pespectiva do pensamento complexo, deve ser estudado em sua totalidade, isto é, em sua dimensão ecológica, legal, política, social, psicológica, econômica, científica, cultural e ética. Sómente com esse olhar de integralidade conseguiremos equacionar a problemática ambiental em suas fontes. Tentamos mostrar aos alunos a importância de perceber o meio ambiente dentro dessa perspectiva.
Todos os discentes participaram, uns mais outros menos. Todos revelaram interesse durante as explicações. Alguns, problematizavam certas questões, objetivando sanar uma dúvida ou aprofundar determinado aspecto do tema abordado.
 |
Ten Elton explicando o ciclo da água e o surgimento de uma nascente |
Esforçamos por imprimir na pedagogia das trilhas ecológicas, uma ação docente que não estivesse cincunscrita tão somente ao aspecto da transmissão vertical dos conhecimento, mas de uma dialogia horizontalizada na trocas de saberes e experiências. O professor em nenhum momento foi o centro do saber, mas a ponte, o facilitador do conhecimento no processo ensino aprendizagem.
 |
Socialização de saberes, experiências, sensibilidades e percepções |
Só cuida quem ama. Mas que conteudizar o ensino ambiental, a nossa foi uma prática voltada para o desenvolvimento de uma sensibilidade que olha a natureza não com estranhamento, mas com afeto, ternura e pertencimento. Nosso corpo biológico é 100% natural, ou seja, tudo o que somos, em termos orgânicos adveio do meio ambiente natural. Logo, preservar e conservar os recursos naturais, significa cuidar de nós mesmos.
Durante a trilha ecológica foi realizada algumas atividades lúdicas com o objetivo de integrar os alunos e possibilitar uma momento de recreação e alegria.
 |
Percorrendo a trilha interna |
Como foi falado o meio ambiente não se restringe ao externo, mas também ao interno, ao nosso mundo íntimo, a nossa subjetividade. Se estivermos internamente felizes, indubitavelmente irradiaremos esse nosso bem estar psíquico ao ambiente natural e social que nos circunda.
 |
Recreação e companheirismo |
Em resumo, a trilha ecológica empreendida no Parque Olhos D'Àgua, foi uma importante ferramenta de Educação Ambiental, pois proporcionou não somente, a sensibilização e a problematização de questões ambientais, como igualmente, a transversalização da temática ambiental com as disciplinas de Ecologia, Biologia, Química, Física, História, Geografia, Filosofia e Artes.