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sexta-feira, 9 de março de 2018

PARCERIA PEDAGÓGICA ENTRE O CLUBE DE ESTUDOS AMBIENTAIS
 E A ASSOCIAÇÃO PARQUE ECOLÓGICO DAS SUCUPIRAS. 



O Clube de Estudos Ambientais do Colégio Militar de Brasília - CEA/CMB, está consolidando uma parceria com a APES - Associação Parque Ecológico das Sucupiras´.

Professor Fernando apresentando o bioma cerrado do Parque Ecológico das Sucupiras
Objetivo Geral
  • Fomentar uma educação ambiental que promova à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem uma atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais. 

Objetivos Específicos
Esperamos que ao final desse processo educativo os alunos adquiram: 
  • uma maior consciência e responsabilidade ambiental;
  • capacidade de planejar e executar atividades com objetivos a médio e longo prazo;
  • capacidade de trabalhar em equipe, de um modo que permite participação e criatividade.
  • conhecimento e valorização do Cerrado, bem como uma maior conscientização sobre a necessidade de preservar esse importante bioma.

Associação Parque Ecológico das Sucupiras
A APES é uma organização comunitária, sem fins lucrativos, fundada em 2001, que promove a conservação de uma área de cerca de 26h de extensão, na margem oeste sul do Eixo Monumental de Brasília. Nessa importante área urbana há um remanescente de vegetação nativa, última área de cerrado ainda preservado na região central de Brasília. Por sua proximidade à Catedral Militar Rainha da Paz, à Praça do Cruzeiro e ao Memorial JK, o parque possui grande potencial como área de lazer e turismo, principalmente devido à beleza do cenário natural. 
Além dessas possibilidades, a Associação Parque Ecológico das Sucupiras, entende que o parque também pode ser utilizado para atividades de educação ambiental. O Colégio Militar de Brasília por meio do CEA já esteve lá, em 2017, mas precisamente em 14/06, por um grupo de 15 alunos, acompanhados dos professores Salomão de Biologia e Fernando Lopes, de Artes, assim como do professor de Ilustração Científica da UnB, Marcos Ferraz. Nessa ocasião, os alunos realizaram desenhos de observação botânica. 
Professor Fernando apresentando o Parque Ecológico das Sucupiras
aos alunos do CEA e ao professor Salomão
Importa destacar que essa visita ocorreu após uma aula, previamente realizada no colégio, com a supervisão do professor de Biologia, Major Fraga, na qual o professor Marcos expôs aspectos práticos e teóricos de sua disciplina. A atividade foi registrada na página do site do CMB.
A parceria que estamos concretizando junto a APES prevê um trabalho sistemático de preservação e recuperação do cerrado. A ideia é darmos continuidade ao trabalho socioambiental que já vem sendo empreendido magistralmente pela Associação Parque Ecológico das Sucupiras, ampliando assim, ações que comprovadamente, alcançaram bons resultados.

Metodologia
A viabilização dessa parceria CEA/APES obedecerá metodologicamente o o seguinte trâmite:Pmeiramente incrementaremos as ações de prevenção ao fogo, com a retirada da vegetação invasora, notadamente o capim brachiaria. A retirada do capim é a mais importante ação na prevenção aos incêndios. Evitando a propagação do fogo com a retirada de material combustível, esse trabalho garante que as pequenas árvores possam se desenvolver. De outro modo, a destruição causada nesses sinistros tende por extinguir, naquela área, muitas espécies. Observamos também que, com a retirada da brachiaria, a vegetação nativa recomeça a brotar. É possível, então, mantendo de modo continuado algumas práticas de limpeza e restauração, promover a reconstituição do cerrado. Paralelamente, desenvolveremos uma pesquisa sobre germinação e plantio de mudas de Sucupira. Essa espécie, reconhecida e pesquisada por suas propriedades medicinais, não tem ainda sistematizada uma técnica que permita sua reprodução. As árvores que existem são  nativas. 
Todas as atividades serão realizadas ao ar livre. Ao exercício físico proporcionado, é acrescentado o prazer de estar a céu aberto em um ambiente natural, razoavelmente preservado.
Grupos de alunos realizando uma atividade de ilustração científica no Parque Ecológico das Sucupiras
Considerações finais
Esse trabalho de sinergia educacional voltados para questões ambientais está em perfeita sintonia com os princípios educacionais exarados na proposta pedagógica do Colégio militar de Brasília, artigo 225 da Constituição Federal, Lei 9795/99 e outros documentos - ProNEA, Carta de Belgrado, Capítulo 36 da Agenda 21, Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, Declaração de Tessalônica Carta da Terra e outros. 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

COMO LOBOS MUDAM RIOS (Legendado)

Uma análise do vídeo "Como os lobos mudam os rios" por Rafael Araujo

Aluno Rafael Araujo (CEA), turma 105
 Após assistir esse vídeo documentário, "Como os lobos mudam os rios", percebi a grande importância que cada ser vivo tem no ecossistema. Entendi igualmente, que a denominada "cascata trófica", é um processo ecológico que se inicia no topo da cadeia alimentar e se espraia até a sua base. No vídeo, esse significativo evento ecossistemático é exemplificado com um fato que ocorreu no Parque Yellowstone nos EUA, quando os lobos foram retirados na década de 1920 e recolocados novamente 70 anos depois.

Notou-se que apesar de os lobos matarem muitas espécies de animais, eles também dão vida a muitas outras. Após um longo período sem os lobos, o número de cervos e veados cresceu quase que exponencialmente (devido a falta de predadores), e como essas espécies viviam da pastagem, isso acabou reduzindo a vegetação local. Entretanto, com o retorno dos lobos, foi possível constatar a grande influência que eles exercem no habitat, visto que eles acabaram não apenas controlando a população de cervos e veados, mas alterando também o comportamento dos mesmo, porquanto esses herbívoros evitavam certas áreas do Parque com medo dos lobos. 

Com o perpassar dos anos foi possível verificar que em pouco tempo, esses locais começaram a se renovar, por meio do surgimento de florestas e matas. Como resultado disso, inúmeras espécies como pássaros e castores. Esses "engenheiros do ecossistema", criam lares para outros animais construindo represas, as quais proporcionam um habitat para lontras, patos, peixes, répteis e anfíbios. Além disso, os lobos  predam coiotes, o que fez com que a população de de coelhos e camundongos crescem, atraindo falcões, raposas, corvos e águias. Tudo isso ocorreu devido ao retorno dos lobos ao Parque.

Não obstante a tudo isso, o mais interessante de toda essa fenomenologia ecológica é a que diz respeito a capacidade dos lobos de mudarem o curso dos rios. Por causa da regeneração das florestas, os rios puderam seguir seu curso com mais facilidade, e com a vegetação florescendo nos vales, o solo se tornou mais fortalecido. Em decorrência disso, os rios começaram a desviar menos, pois a vegetação estabilizou a erosão. Além disso, os canais se estreitaram, mais piscinas naturais e cascatas foram formadas, o que redundou no ressurgimento da vida selvagem em toda sua plenitude. 

Em resumo, podemos afirmar que os lobos, mesmo em pequeno número, conseguiram não apenas transformar a geografia física, mas igualmente a paisagem natural do Parque Yelowstone, restabelecendo desse modo o delicado equilíbrio dinâmico da teia da vida. Todos os seres vivos estão interligados e interdependentes entre si. Se um nó dessa teia for subtraído ou afetado negativamente, todo um ecossistema de milhões de anos de evolução, poderá entrar em fragoroso colapso. E não é apenas os seres vivos que sofrerão as consequências, mas a civilização humana, visto que a economia é totalmente dependente da ecologia. Um exemplo que ilustra a nossa assertiva foi o colapso socioambiental da Ilha de Páscoa, ilha da Polinésia oriental, localizada no Oceano Pacífico.

sábado, 12 de agosto de 2017

Belezas do Cerrado

Estudo de campo no Parque das Sucupiras



No dia 14 de Junho de 2017, o Clube de Estudos Ambientais (CEA), empreendeu uma atividade pedagógica de Educação Ambiental no Parque Ecológico Das Sucupiras, Sudoeste, Brasília-DF, com o objetivo de conhecer os aspectos socioambientais do mesmo. Na ocasião foi realizada igualmente uma oficina de pintura, sob a coordenação do professor Fernando Lopes, docente da cadeira de Artes do Colégio Militar de Brasília. Essa atividade foi a concretização de um minicurso teórico prático de Ilustração Científica, promovido pelo Prof. Dr. Marcos Ferraz, Biólogo do Núcleo de Ilustração científica da Universidade de Brasília (NICBio).


Professor Fernando Lopes instruindo os alunos acerca dos aspectos biológicos,
cênicos, econômicos, sociais e ecológicos do Parque das Sucupiras

Histórico
O Parque Ecológico das Sucupiras, foi criado em 2005  e se encontra localizado entre a área da Marinha e o Eixo Monumental. Ele protege 25 hectares de uma das maiores manchas preservadas de cerrado na área tombada. Dentro desse contexto, um fato que merece destaque é que desde 2010, os moradores do Setor Sudoeste, por meio da Associação Parque Ecológico das Sucupiras (Apaes) vem se dedicando a um trabalho de preservação ambiental e manutenção da qualidade de vida da região. Essa importante organização civil, também têm se mobilizado contra a construção da quadra 500. O presidente da Associação Parque Ecológico das Sucupiras, Fernando Lopes, bem como os demais integrantes, tem proposto que essa região seja preservada e incorporada à do Parque.
A quadra 500 é um projeto feito para uma área que não poderia ser ocupada, porquanto não atende não atende os requisitos de uma Superquadra, visto que devastará importante área do cerrado nativo remanescente no Plano Piloto. Além disso, essa ocupação irá causar um impacto ambiental extremamente negativo no já caótico trânsito do Setor Sudoeste, bem como no consumo de água, produção de lixo e esgotos e perda da biodiversidade botânica e zoológica desse importa bioma. 


https://urbanistasporbrasilia.wordpress.com/2015/05/19

Associação do Parque Ecológico das Sucupiras
A Associação Parque Ecológico das Sucupiras, (Apes) é uma organização civil que luta pela preservação do cerrado na área da Marinha localizada no Setor Sudoeste, em Brasília - DF, tem como reivindicação principal a incorporação dessa área ao Parque das Sucupiras. Durante
os últimos meses, a Apes, o Instituto Histórico e Geográfico do DF e a Pró-Federação de Entidades em Defesa do DF tem acompanhado de perto os processos em discussão no TCDF e no TRF. Houve uma vitória inicial no TCDF, com a manutenção da proibição da quadra 500. Infelizmente, apesar de tantas provas que demonstram ilegalidades no projeto da Quadra 500, a 6ª Turma do TRF da 1ª Região decidiu em 19 de maio de 20015 que a construção da Quadra 500 do Setor Sudoeste não viola o Conjunto Urbanístico de Brasília. Se trata de uma decisão que desconsiderou flagrantemente o valor legal e urbanístico do documento Brasília revisitada e do Decreto 10.829/1987.
O momento é de grande risco, pois a decisão a favor da construtora se baseia em uma perícia inconsistente, que questionou inclusive a validade do próprio documento Brasília Revisitada, em uma nítida manobra que demonstra o poder dos interesses econômicos, sua capacidade de deturpar e interpretar a lei a seu favor. Diante desse perigoso quadro, a Associação Parque Ecológico das Sucupiras tem empreendido inúmeros atos de manifestação pública em defesa da legitimidade e pela preservação do cerrado na área que pertenceu à Marinha, onde se pretende implantar a SQSW 500.  
A manifestação pública é o maior triunfo para fazer valer sua voz. É preciso mudar as condições politicas que ainda permitem às empreiteiras continuar impondo seus interesses, acima da lei e do interesse maior da coletividade (https://urbanistasporbrasilia.wordpress.com).

Cerrado
O alto índice de desmatamento do cerrado, segundo maior bioma do Brasil, preocupa cada dia mais os ambientalistas. De 2002 a 2008, 1% do cerrado desapareceu por ano — o que representa um total de 127.560km² de área devastada. Alguns estudiosos chegam a arriscar que, se for mantido o atual ritmo acelerado de destruição, o bioma tende a desaparecer dentro de 50 anos. Desde o início da construção de Brasília, na década de 1950, cerca de 68% do cerrado desapareceram do mapa. A esperança dos especialistas está nas 53 unidades de conservação espalhadas pelo território nacional. O problema é que elas representam apenas 7% do total de 2.039.386 km² do bioma. A saída é, então, desenvolver ações criativas para impedir um futuro pior. 
http://www.portalmatogrosso.com.br/ecossistemas/cerrado-ajuda-cobrir-de-verde
-metade-do-territorio-do-territorio-brasileiro/33741

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o DF é a unidade da Federação que menos desmatou o cerrado nos últimos seis anos. E é a única que no país que tem 93% do território protegido contra desmatamento. Fotos tiradas de satélites e o trabalho de ambientalistas mostram, no entanto, uma realidade diferente. Com a devastação em grande escala, cerca de 12 mil espécies de plantas, 320 mil de animais e as principais bacias hidrográficas do Brasil correm perigo. Os números são preocupantes, mas levantamentos como este são necessários para atualizar o mapa da devastação do bioma no país e, a partir daí, definir as metas para recuperar o tempo perdido. 



O que dizem os especialistas
Prof. Dr Bráulio
O chefe do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e professor do Departamento de Ecologia da UnB, Bráulio Ferreira de Souza Dias, empreendeu uma pesquisa para estudar o mapa de devastação do Cerrado. A primeira análise, realizada em 2002 com ajuda de imagens capturadas por dois satélites, mostrou que 41,9% do ecossistema estava destruído. Naquela época, blocos de 40 hectares de terra passaram pela pesquisa. Em 2008, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) voltou à região, que abrange 11 estados e o Distrito Federal, para detalhar a pesquisa. O resultado: 127.560 km² a menos de cerrado. “Se continuarmos neste ritmo, vamos ficar apenas com as unidades de conservação do bioma, que alcança 7% de todo o cerrado. Destes, apenas 2,5% têm garantias de conservação integral. É insuficiente para garantir a biodiversidade do cerrado”, explicou Bráulio. 
A doutora em biologia animal da UnB Keila Macfadem ressaltou a preocupação em relação aos animais do cerrado. Segundo ela, 10 espécies de mamíferos do bioma correm risco de desaparecer em 50 anos se não foram desenvolvidas políticas ambientais para impedir a devastação. Com a proliferação das áreas urbanas ou ainda de campos de plantação e criação de gado, as unidades de conservação ficaram afastadas umas das outras. Outro fato recorrente é o fechamento dos corredores ecológicos, que permitem a circulação dos bichos entre as áreas protegidas. Dessa forma, os animais têm dificuldades para procriar. O tatu-canastra, por exemplo, foi encontrado apenas no Parque da Água Mineral. E as antas só vivem no Parque Nacional ou na Estação Ecológica de Águas Emendadas.
Como consequência, os animais são obrigados a correr o risco em estradas, comer lixo em áreas próximas às cidades e ainda se proteger de animais urbanos, como cachorros. Para desenvolver a pesquisa, Keila Macfadem analisou 35 espécies de mamíferos na região. Para compreender a rotina e aprender sobre a vida dos bichos, ela instalou de 70 câmeras fotográficas em pontos estratégicos de três áreas de conservação ambiental do Centro-Oeste — Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional da Água Mineral e Área de Proteção Ambiental Gama/Cabeça-de-Veado. O trabalho foi realizado por quatro meses, sendo que dois de chuva e dois de seca.
A respeito da preservação e conservação do cerrado, o presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Gustavo Souto Maior, afirmou: “Tem que haver o equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico.”. 


Considerações finais
A visita empreendida ao Parque das Sucupiras, no Sudoeste, Brasília, DF, foi fecunda em termos de aprendizado ambiental, porquanto oportunizou aos discentes do Clube de Estudos Ambientais do Colégio Militar de Brasília (CEA/CMB), uma aprendizagem significativa no campo dos saberes ambientais. 
Os objetivos que nortearam essa atividade didático pedagógica foram atingidos, visto que os alunos revelaram uma compreensão maior acerca da importância ambiental do Bioma Cerrado, bem como o papel significativo da Associação Parque Ecológico das Sucupiras (Apaes) para a preservação e conservação do cerrado localizado entre a área da Marinha e o Eixo Monumental.



Ilustração científica  empreendida pela aluna Rafaela Zeitoune


Referências
https://urbanistasporbrasilia.wordpress.com/2015/05/19/quem-quer-uma-nova-expansao-para-o-sudoeste/ - Acesso em 12/08/2017.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2009/10/23/interna_cidadesdf,150142/index.shtml -  Acesso em 12/08/2017.
http://apesucupiras.blogspot.com.br/ - Acesso em 12/08/2017.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Minicurso de Ilustração Científica

Alunos e alunas integrantes do clube de Estudos Ambientais (CEA) do Colégio Militar de Brasília participaram, no dia 31 de maio de 2017, de um Minicurso de Ilustração Científica. O evento ocorreu por iniciativa do Professor Fernando Lopes, da disciplina de Artes do 3º ano do Ensino Médio. O curso foi ministrado pelo Prof. Dr. Marcos Ferraz, Biólogo do Núcleo de Ilustração Científica da Universidade de Brasília (NICBio).

Prof. Dr Marcos Ferraz (UnB) e professor Fernando Lopes com os alunos do CEA

Na ocasião, os alunos aprenderam técnicas iniciais de representação de material biológico utilizando modelos do acervo do Laboratório de Biologia do CMB. Também, aprenderam a confeccionar um caderno para anotações de campo e conheceram ilustrações em nanquim e aquarela para divulgação no meio científico. 
Prática do minicurso de Ilustração Científica no Laboratório de Biologia sob a supervisão do Major Fraga e Prof  Marcos

Na segunda parte do Curso, os alunos visitarão o Parque das Sucupiras, Parque Urbano do Distrito Federal, visando à observação de material biológico de espécies nativas do Cerrado para sua posterior ilustração. Os trabalhos desenvolvidos nessa oficina serão apresentados em Exposição Conjunta do Núcleo de Artes do Colégio Militar de Brasília e do Clube de Estudos Ambientais.

Arte e ciência
O conhecimento pode ser comparado a uma árvore com infinitos ramos e folhas. É impossível ao ser humano abarcar toda a realidade fenomênica em sua plenitude. Seria como desejar que uma molécula de água descrevesse a magnificência do oceano. A mente humana quando comparada ao Sol da Mente Cósmica não passa de uma insignificante e pálida centelha. 
Daí o imperativo de recortar, fragmentar, compartimentar, fracionar e pulverizar a realidade sensível ou intangível para que possamos compreendê-la com mais acerto e substancialidade. O único cuidado que devemos ter nesse recortar do mundo, é o fato de não se perder no labirinto da hiper especialização e perder o visão do todo e a perspectiva orgânica.
Nessa atividade interdisciplinar de "Ilustração Científica", foi possível mostrar aos alunos que a Arte e a Ciência não constituem saberes dicotômicos, excludentes. É possível sim, que é possível integrar razão com emoção, cérebro e coração, objetividade e subjetividade, ciência e arte, pesquisa e sensibilidade.
Concordamos com o pensamento de Massarani e Moreira (2006), quando afirmam que:

"tanto a ciência quanto a arte se "nutrem-se do mesmo húmus, a curiosidade humana, a criatividade, o desejo de experimentar. Ambas são condicionadas por sua história e seu contexto. Ambas estão imersas na cultura, mas imaginam e agem sobre o mundo com olhares, objetivos e meios diversos. O fazer artístico e o científico constituem duas faces da ação e do pensamento humanos, faces complementares mas mediadas por tensões e descompassos, que podem gerar o novo, o aprimoramento mútuo e afirmação humanística."
 
https://br.pinterest.com/pin/476114991839958406/


Em substância, essa experiência pedagógica de "Ilustração Científica" foi significativamente fecunda, pois oportunizou aos discente do Clube de estudos Ambientais uma visão de que sustentabilidade em seu aspecto mais amplo, não pode se eximir de uma dialogia interdisciplinar entre a arte e a ciência. E nesse particular vale a pena relembrar a figura mítica e extraordinária do polímato  Leonardo da Vinci. Esse notável homem renascentista soube integralizar magistralmente, ciência e arte, religião e espiritualidade. 

REFERÊNCIAS
Massarani, L. e Moreira, I.C. Por que um diálogo entre ciência e arte? História, Ciência, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro,2006.
Lanni, O. Variações sobre arte e ciência. Tempo social - USP, 2004.
Ferreira, F.R. Ciência e arte: investigações sobre identidades, diferenças e diálogos. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n.1, p. 261-280, jan./abr.2010.  

terça-feira, 6 de junho de 2017

Espiritualidade Indígena

No dia 24 de maio de 2017 o Clube de Estudos Ambientais do Colégio Militar de Brasília - CEA/CMB, empreendeu uma atividade pedagógica de educação ambiental centrada na sustentabilidade cultural. 

Adicionar legenda
Até pouco tempo, os pilares da sustentabilidade eram tão somente o econômico, ecológico e o social. Entretanto, um novo pilar vem sendo adicionado ao ideário da sustentabilidade socioambiental: a cultura.
Neste encontro foi trabalhado pedagogicamente a diversidade cultural, que é em substância uma faceta da sustentabilidade cultural. Mas o que significa o termo diversidade cultural? Objetivamente falando, pode ser traduzido como sendo à existência de uma grande variedade de culturas antrópicas. Há inúmeros tipos de manifestações culturais que enaltecem essa variedade. Dentre elas poder-se-ia citar a linguagem, as danças, o vestuário, a religião e outras tradições que concorrem para a organização da sociedade.

Manifestações culturais indígenas
O contato do branco, desde o início da colonização, na maioria das vezes foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral. A relação ecológica que o homem "civilizado" vem estabelecendo com os povos indígenas tem sido assinalada pela arbitrariedade, desrespeito, cupidez e orgulho.  Muitas etnias indígenas foram despossuídas de suas terras e vilipendiadas em suas crenças, valores e tradições culturais.
https://www.todamateria.com.br/descobrimento-do-brasil/

Nesse nosso encontro das "Quartas Sustentáveis", procuramos estudar e refletir com os alunos a questão da espiritualidade dos povos indígenas e sua relação com a sustentabilidade socioambiental.
O tema gerador de nossa ação docente foi a leitura de uma artigo científico que tematizava sob a ótica antropológica e sociológica "Xamanismos: algumas abordagens teóricas", do pesquisador Arneide Cemim. O texto permitiu que os alunos resignificassem suas crenças preconceituosas em relação a espiritualidade dos povos indígenas.  Crenças essas oriundas de uma visão de mundo plasmada por um ensino acadêmico ainda formatado no paradigma eurocêntrico e no dogmatismo cristão. 
Em um momento de nossa reflexão coletiva um aluno tomou a palavra e disse: 

 - "Eu pensava que o xamanismo era pura feitiçaria..." 

Nessa simples fala é possível depreender o quanto a mesma está impregnada de preconceito e desinformação. Mostramos a esse jovem que existe no mundo muito prejulgamento e pouco conhecimento daquilo que se critica. Daí a importância de questionarmos e reavaliarmos sempre as crenças que nos são impostas pelo meio cultural no qual estamos inseridos. Caso contrário, teremos uma forma de pensar, sentir e agir intolerantes. E onde inexiste um esforço de conhecer e compreender o diferente, irrompe sempre o sectarismo e as conflituosidades em seus mais variados matizes. 

Uma outra aluna afirmou: 

- " Pelo que eu percebi em nossa leitura, o xamanismo apregoa a mesma coisa que a minha religião: fazer o bem, ser honesto, respeitar o próximo e a natureza."

A nossa discente tem razão em sua fala, pois se estudarmos a essência doutrinária do cristianismo, do budismo, islamismo, taoísmo e judaísmo, constataremos que a espiritualidade indígena acredita numa Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas (Grande Espírito), na importância da vivência da fraternidade em nossas relações interpessoais e no cuidado afetuoso e respeitoso da natureza. 
O xamanismo, isto é a espiritualidade indígena, nos lembra invariavelmente que "a terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra (...) todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride à terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará."

 
https://www.museudoindio.org.br

Após a leitura, as reflexões nos reunimos em círculo com o propósito de simbolizar que nós os seres humanos somos os meio ambiente e que estamos indissoluvelmente ligados a teia da vida e  a todos os elementos da natureza. 

Considerações finais
Essa aula de educação ambiental ao ar livre (Bosque das Forças Armadas) foi muito significativa para todos os alunos. Todos os presentes ignoravam que os indígenas possuíam um sistema de crenças tão rico de espiritualidade e sabedoria. E natural, naturalíssima essa perplexidade por parte dos discentes, porquanto todos eles e e igualmente nós, fomos aculturados numa cosmovisão centrada no eixo axiomático europeu e cristão. Em outras palavras, fomos doutrinados, condicionados culturalmente a contemplar o índio como um ser humano selvagem, bruto, cruel e preguiçoso. Crescemos com essa percepção extremamente preconceituosa e excludente. 
No entanto, após refletirmos acerca da espiritualidade indígena pudemos contatar que os alunos haviam mudado sua percepção negativa em relação aos povos indígenas. Acreditamos ter atingido em parte nosso objetivo pedagógico, que foi mostrar aos discentes que a construção de sociedades sustentáveis e sustentadas perpassa indubitavelmente pela disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos. Em parte porque o processo de desenvolvimento de uma mentalidade mais inclusiva, universalista e humanista demanda um ensino que transcenda as fronteiras aprendizagem meramente racional, instrumental e utilitarista.

Referências
CEMIM, Areneide. Xamanismo: algumas abordagens teóricas. Revista de educação, cultura e meio ambiente. Março, nº 15, Vol III, 1999.
http://www.progresso.com.br/opiniao/wilson-matos/diversidade-cultural-dos-povos-indigenas
http://www.xamanismo.com.br/o-que-e-xamanismo/