No dia 24 de maio de 2017 o Clube de Estudos Ambientais do Colégio Militar de Brasília - CEA/CMB, empreendeu uma atividade pedagógica de educação ambiental centrada na sustentabilidade cultural.
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Até pouco tempo, os pilares da sustentabilidade eram tão somente o econômico, ecológico e o social. Entretanto, um novo pilar vem sendo adicionado ao ideário da sustentabilidade socioambiental: a cultura.
Neste encontro foi trabalhado pedagogicamente a diversidade cultural, que é em substância uma faceta da sustentabilidade cultural. Mas o que significa o termo diversidade cultural? Objetivamente falando, pode ser traduzido como sendo à existência de uma grande variedade de culturas antrópicas. Há inúmeros tipos de manifestações culturais que enaltecem essa variedade. Dentre elas poder-se-ia citar a linguagem, as danças, o vestuário, a religião e outras tradições que concorrem para a organização da sociedade.
Manifestações culturais indígenas
O contato do branco, desde o início da colonização, na maioria das vezes foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral. A relação ecológica que o homem "civilizado" vem estabelecendo com os povos indígenas tem sido assinalada pela arbitrariedade, desrespeito, cupidez e orgulho. Muitas etnias indígenas foram despossuídas de suas terras e vilipendiadas em suas crenças, valores e tradições culturais.
Nesse nosso encontro das "Quartas Sustentáveis", procuramos estudar e refletir com os alunos a questão da espiritualidade dos povos indígenas e sua relação com a sustentabilidade socioambiental.
O tema gerador de nossa ação docente foi a leitura de uma artigo científico que tematizava sob a ótica antropológica e sociológica "Xamanismos: algumas abordagens teóricas", do pesquisador Arneide Cemim. O texto permitiu que os alunos resignificassem suas crenças preconceituosas em relação a espiritualidade dos povos indígenas. Crenças essas oriundas de uma visão de mundo plasmada por um ensino acadêmico ainda formatado no paradigma eurocêntrico e no dogmatismo cristão.
Em um momento de nossa reflexão coletiva um aluno tomou a palavra e disse:
- "Eu pensava que o xamanismo era pura feitiçaria..."
Nessa simples fala é possível depreender o quanto a mesma está impregnada de preconceito e desinformação. Mostramos a esse jovem que existe no mundo muito prejulgamento e pouco conhecimento daquilo que se critica. Daí a importância de questionarmos e reavaliarmos sempre as crenças que nos são impostas pelo meio cultural no qual estamos inseridos. Caso contrário, teremos uma forma de pensar, sentir e agir intolerantes. E onde inexiste um esforço de conhecer e compreender o diferente, irrompe sempre o sectarismo e as conflituosidades em seus mais variados matizes.
Uma outra aluna afirmou:
- " Pelo que eu percebi em nossa leitura, o xamanismo apregoa a mesma coisa que a minha religião: fazer o bem, ser honesto, respeitar o próximo e a natureza."
A nossa discente tem razão em sua fala, pois se estudarmos a essência doutrinária do cristianismo, do budismo, islamismo, taoísmo e judaísmo, constataremos que a espiritualidade indígena acredita numa Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas (Grande Espírito), na importância da vivência da fraternidade em nossas relações interpessoais e no cuidado afetuoso e respeitoso da natureza.
O xamanismo, isto é a espiritualidade indígena, nos lembra invariavelmente que "a terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra (...) todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride à terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará."
Após a leitura, as reflexões nos reunimos em círculo com o propósito de simbolizar que nós os seres humanos somos os meio ambiente e que estamos indissoluvelmente ligados a teia da vida e a todos os elementos da natureza.
Considerações finais
Essa aula de educação ambiental ao ar livre (Bosque das Forças Armadas) foi muito significativa para todos os alunos. Todos os presentes ignoravam que os indígenas possuíam um sistema de crenças tão rico de espiritualidade e sabedoria. E natural, naturalíssima essa perplexidade por parte dos discentes, porquanto todos eles e e igualmente nós, fomos aculturados numa cosmovisão centrada no eixo axiomático europeu e cristão. Em outras palavras, fomos doutrinados, condicionados culturalmente a contemplar o índio como um ser humano selvagem, bruto, cruel e preguiçoso. Crescemos com essa percepção extremamente preconceituosa e excludente.
No entanto, após refletirmos acerca da espiritualidade indígena pudemos contatar que os alunos haviam mudado sua percepção negativa em relação aos povos indígenas. Acreditamos ter atingido em parte nosso objetivo pedagógico, que foi mostrar aos discentes que a construção de sociedades sustentáveis e sustentadas perpassa indubitavelmente pela disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos. Em parte porque o processo de desenvolvimento de uma mentalidade mais inclusiva, universalista e humanista demanda um ensino que transcenda as fronteiras aprendizagem meramente racional, instrumental e utilitarista.
Manifestações culturais indígenas
O contato do branco, desde o início da colonização, na maioria das vezes foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral. A relação ecológica que o homem "civilizado" vem estabelecendo com os povos indígenas tem sido assinalada pela arbitrariedade, desrespeito, cupidez e orgulho. Muitas etnias indígenas foram despossuídas de suas terras e vilipendiadas em suas crenças, valores e tradições culturais.
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Nesse nosso encontro das "Quartas Sustentáveis", procuramos estudar e refletir com os alunos a questão da espiritualidade dos povos indígenas e sua relação com a sustentabilidade socioambiental.
O tema gerador de nossa ação docente foi a leitura de uma artigo científico que tematizava sob a ótica antropológica e sociológica "Xamanismos: algumas abordagens teóricas", do pesquisador Arneide Cemim. O texto permitiu que os alunos resignificassem suas crenças preconceituosas em relação a espiritualidade dos povos indígenas. Crenças essas oriundas de uma visão de mundo plasmada por um ensino acadêmico ainda formatado no paradigma eurocêntrico e no dogmatismo cristão.
Em um momento de nossa reflexão coletiva um aluno tomou a palavra e disse:
- "Eu pensava que o xamanismo era pura feitiçaria..."
Nessa simples fala é possível depreender o quanto a mesma está impregnada de preconceito e desinformação. Mostramos a esse jovem que existe no mundo muito prejulgamento e pouco conhecimento daquilo que se critica. Daí a importância de questionarmos e reavaliarmos sempre as crenças que nos são impostas pelo meio cultural no qual estamos inseridos. Caso contrário, teremos uma forma de pensar, sentir e agir intolerantes. E onde inexiste um esforço de conhecer e compreender o diferente, irrompe sempre o sectarismo e as conflituosidades em seus mais variados matizes.
Uma outra aluna afirmou:
- " Pelo que eu percebi em nossa leitura, o xamanismo apregoa a mesma coisa que a minha religião: fazer o bem, ser honesto, respeitar o próximo e a natureza."
A nossa discente tem razão em sua fala, pois se estudarmos a essência doutrinária do cristianismo, do budismo, islamismo, taoísmo e judaísmo, constataremos que a espiritualidade indígena acredita numa Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas (Grande Espírito), na importância da vivência da fraternidade em nossas relações interpessoais e no cuidado afetuoso e respeitoso da natureza.
O xamanismo, isto é a espiritualidade indígena, nos lembra invariavelmente que "a terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra (...) todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride à terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará."
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https://www.museudoindio.org.br |
Após a leitura, as reflexões nos reunimos em círculo com o propósito de simbolizar que nós os seres humanos somos os meio ambiente e que estamos indissoluvelmente ligados a teia da vida e a todos os elementos da natureza.
Considerações finais
Essa aula de educação ambiental ao ar livre (Bosque das Forças Armadas) foi muito significativa para todos os alunos. Todos os presentes ignoravam que os indígenas possuíam um sistema de crenças tão rico de espiritualidade e sabedoria. E natural, naturalíssima essa perplexidade por parte dos discentes, porquanto todos eles e e igualmente nós, fomos aculturados numa cosmovisão centrada no eixo axiomático europeu e cristão. Em outras palavras, fomos doutrinados, condicionados culturalmente a contemplar o índio como um ser humano selvagem, bruto, cruel e preguiçoso. Crescemos com essa percepção extremamente preconceituosa e excludente.
No entanto, após refletirmos acerca da espiritualidade indígena pudemos contatar que os alunos haviam mudado sua percepção negativa em relação aos povos indígenas. Acreditamos ter atingido em parte nosso objetivo pedagógico, que foi mostrar aos discentes que a construção de sociedades sustentáveis e sustentadas perpassa indubitavelmente pela disposição para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos. Em parte porque o processo de desenvolvimento de uma mentalidade mais inclusiva, universalista e humanista demanda um ensino que transcenda as fronteiras aprendizagem meramente racional, instrumental e utilitarista.
Referências
CEMIM, Areneide. Xamanismo: algumas abordagens teóricas. Revista de educação, cultura e meio ambiente. Março, nº 15, Vol III, 1999.
http://www.progresso.com.br/opiniao/wilson-matos/diversidade-cultural-dos-povos-indigenashttp://www.xamanismo.com.br/o-que-e-xamanismo/
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