Nesta quinta-feira, dia 05 de maio de 2016, o Clube de Ciências Socioambientais do Colégio Militar de Brasília, empreendeu um estudo de campo na ARIE Granja do Ipê, Área de Relevante Interesse Ecológico, por meio de uma trilha ecológica supervisionada pelo Ten Cleder Joselito Wincler da Silva, presidente Grupo de Orientação de Brasília, DF.
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Mapa representativo da ARIE Granja do Ipê e os marcos numéricos observacionais da trilha ecológica |
Breve historiografia
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Presidente Juscelino Kubstichek |
O primeiro visitante ilustre dessa área natural, foi Juscelino Kubstichek, quando de sua chegada em Brasília na década de 60. Juscelino ficou profundamente encantado com a biodiversidade e a farta quantidade de minas de águas puras e cachoeiras desse ecossistema.
Durante as décadas de 70 e 80, o local ficou praticamente esquecido, sendo abandonado e depredado antropicamente. Contudo, no final dos anos 80 ele foi redescoberto não só pelos novos moradores, mas também por ciclistas, motociclistas e caminhantes de trilhas no cerrado.
No período em que o Exército e as demais Forças Armadas administraram politicamente o país, o General Golbery do Couto Silva ocupou até 1981 os prédios na Granja do Ipê. Com a saída dos militares do protagonismo político e a criação do CAUBI (Combinado Agro-Urbano de Brasília) em 1986, o local passou a experimentar impactos socioambientais negativos (desmatamentos, retiradas de solo, aberturas de trilhas sem regulamentação e outras intervenções antrópicas), oriundos da ocupação urbana desordenada.
No ano de 1988, o terreno é cedido para a instalação da Universidade da Paz - Unipaz. Em 1998 a Granja do Ipê se transforma numa ARIE.
Uma Arie, pode ser definida como sendo uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais significativas ou que aloja em sua interioridade exemplares raros da flora e fauna regional. É de posse e domínio público, e tem como missão principal, manter a sustentabilidade dos ecossistemas naturais, além de regular o uso dessas áreas, de modo a compatibilizá-los com os objetivos de conservação da natureza.
A ARIE da Granja do Ipê é um patrimônio ambiental, histórico, cultural e arqueológico. Do ponto de vista ambiental, apresenta grande importância para a rede hídrica do DF, com mananciais e três relevantes córregos: Capão Preto, Ipê e Açudinho, que juntos, formam o Córrego Coqueiro, único afluente com água de qualidade na bacia hidrográfica do Riacho Fundo. Pesquisas identificaram uma flora exuberante, distribuídas em diversas fitofisionomias do ameaçado bioma Cerrado.
A fauna é composta de espécies ameaçadas como tamanduá-bandeira, macaco bugio, lobo guará, cachorro vinagre, além de grande diversidade de pássaros, pequenos répteis, anfíbios e insetos. A flora é apresenta uma enorme variedade de espécies arbóreo-arbustivo, herbáceo-subarbustivo. Como famílias de maior expressão destacamos as Leguminosas, entre as lenhosas, e as Gramíneas e Compostas, entre as herbáceas.
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Espécime de flor do ecossistema Granja do Ipê |
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Alunos estudando a bioecologia da vegetação |
Foram identificados nessa ARIE, pelo menos dois sítios arqueológicos pré-colombianos, com idade aproximada de 4.000 anos, um de acampamento temporário e outro de ocupação permanente, com restos de cerâmica, nos dois lados do Córrego Ipê, próximo à sua nascente.
A trilha ecológica
Após chegarmos a ARIE Granja do Ipê nos reunimos defronte a Escola Classe Ipê, para recebermos as instruções do Ten Wincler acerca de como deveríamos usar o mapa e a bússola, durante nosso itinerário pedagógico-ambiental.
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Ten Wincler instruindo os alunos por meio do mapa da região |
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Aluno Cerqueira, Ten Wincler e professor Salomão mapeando a rota da trilha ecológica a ser empreendida |
Em seguida, capitaneado pelo Tenente partimos em fila indiana para o interior do cerrado com o propósito de percorrermos o trajeto de 2 Km.
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Alunos empreendendo a trilha segundo as orientações do Ten Wincler |
A medida que íamos percorrendo as trilhas, estimulávamos os alunos a observarem os aspectos bióticos (flora e fauna) e abióticos (solo, relevo, hidrografia, etc.) da área natural que ora nos servia de laboratório para nossos estudos socioambientais.
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Alunos observando a flora e o solo durante
a trilha ecológica
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Inúmeras áreas do conhecimento foram integradas: Geografia, Biologia, Ecologia, Arte e Educação Física. Merece nesse contexto, o registro da intensa participação intelectual e emocional dos alunos.
Decorridos aproximadamente mais de três quartos de hora, chegamos ao ponto onde tudo começou, isto é, em frente Escola Classe Ipê. Nesse ínterim, a diretora da referida instituição de ensino, apareceu e tomou a palavra, com o propósito de agradecer a presença dos professores (Ten Elton e Salomão), do Ten Wincler e de todos os alunos que ali se encontravam representando o Colégio Militar de Brasília por meio do Clube de Ciências Socioambientais.
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Diretora da Escola Parque Ipê agradecendo a visita do Clube de Ciências Socioambientais |
Conclusão
Essa experiência pedagógica, trilha ecológica na ARIE Ganja do Ipê, foi significativamente produtiva, de vez que, possibilitou tornar o conhecimento socioambiental pertinente, contextualizado e real. Em substância, conseguimos por meio dessa atividade, alcançar finalidades educativas, por meio da experiência prática.