No dia 18 de junho, o Clube de Estudos Ambientais do Colégio Militar de Brasília (CEA/CMB), empreendeu uma atividade de educação ambiental, por meio de saídas de campo, ao antigo pátio da Rodoferroviária de Brasília e ao Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água.
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Alunos do Clube de Estudos Ambientais, em companhia do Major Fraga,
visitando o ecossistema revegetado do Pátio da Rodoferroviária |
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
Os objetivos pedagógicos que nortearam essas atividades foram:
- Realizar uma saída de campo no pátio da antiga Rodoferroviária de Brasília e no Parque Olhos D'Água, visando propiciar experiências sensitivas em ambientes revegetados e de matas de galeria;
- Apresentar a importância e a vantagem socioambiental de se recuperar uma área degradada;
- Conhecer nascentes e matas de galeria no Parque Olhos D'Água;
- Despertar nos discentes a sensibilidade e o interesse pelo meio ambiente em seus múltiplos aspectos, bem como a formação de uma consciência voltada para a preservação ambiental.
Pátio da antiga Rodoferroviária de Brasília
A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) plantou, desde 2012, quase 1 milhão de mudas arbóreas em uma área de 185 hectares, na antiga Rodoferroviária de Brasília. Foram utilizadas cerca de 45 espécies vegetais nativas do Cerrado, como acácias, aroeiras, ipês, ingás e jacarandás.
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Pátio da antiga Rodoferroviária de Brasília antes da revegetação (lado esquerdo da foto) |
A revegetação de áreas degradadas (áreas que perderam a capacidade natural de recuperação ambiental) é uma estratégia de conservação que resulta em melhorias nos atributos físico-químicos do solo, bem como na proteção necessária do solo exposto (diminuindo a perda de sedimentos por erosão). De acordo com Guerra (1998), "o aumento da cobertura vegetal resulta em maior proteção contra o impacto das gotas de chuva, permite melhor estruturação do solo, em função do papel agregador da matéria orgânica a ele incorporada, e reduz o ... escoamento superficial pelo aumento da rugosidade do terreno e da infiltração".
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Revegetação do pátio da antida Rodoferroviária de Brasília. Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/11/por-r-5-milhoes-gdf-planta-1-milhao-de-arvores-nativas-do-cerrado.html |
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O Professor Fraga apresentou aos alunos a importância e a vantagem socioambiental da recuperação de uma área degradada. Nesse contexto, foi destacado que a revegetação de uma área proporciona, através da cobertura vegetal e da deposição de serrapilheira, uma maior proteção do solo e estabilidade dos agregados, por meio da incorporação de matéria orgânica.
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Major Fraga apresentando aos alunos a serrapilheira e o preparo do solo para a revegetação |
Esse estudo de campo proporcionou aos discentes a oportunidade de conhecer um ambiente revegetado que, se dificilmente terá a mesma biodiversidade anterior, permite a recomposição do solo e o restabelecimento de funções e serviços ecossistêmicos (recarga de aquíferos, polinização, produção de sementes, sequestro de carbono, retorno da fauna, etc).
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Trilha interpretativa realizada no ambiente revegetado do Pátio da Rodoferroviária de Brasília
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Em resumo, o processo de revegetação de áreas degradadas resulta na cobertura vegetal, na proteção e reestruturação dos solos, resultando, assim, no reequilíbrio dinâmico dos ecossistemas.
PARQUE ECOLÓGICO E DE USO MÚLTIPLO OLHOS D'ÁGUA
Fundado em 1994, o Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água é um parque público, ecológico e de lazer localizado nas quadras 413 e 414, na Asa Norte, Brasília, Distrito Federal. O parque apresenta fragmentos de matas de galeria e de formações savânicas do Cerrado, numa área aproximada de 21 hectares.
Vista da pista de caminhada/cooper do Parque Olhos D'Água. Fonte: https://blogmaisbrasil.alliahotels.com.br/destino/parque-olhos-dagua
Registros históricos assinalam que no lugar onde, atualmente, se encontra o parque, havia um aglomerado de invasões humanas. A comunidade circunjacente, percebendo que os invasores estavam provocando diversos impactos ambientais e sociais (tais como desmatamento, queimadas, acúmulo de lixo, destruição das nascentes, tráfico de entorpecentes), promoveu, junto ao poder público, as primeiras ações visando à criação de um parquen urbano. Para que o projeto do Parque Olhos D'Água se materializasse foi preciso um investimento inicial de R$ 700 mil, por parte do Governo do Distrito Federal. Atualmente, o parque possui uma pista de caminhada/cooper de mais de 2Km, parquinhos infantis e de exercícios físicos, além de diversas trilhas. Cotidianamente, ele é visitado pela comunidade de moradores da Asa Norte e do entorno.
No que diz respeito à flora nativa, destaca-se o angico (Anadenanthera colubrina), espécie mais numerosa do parque. Aparecem igualmente as interessantes trepadeiras "papo-de-peru" (Aristolochia gigantea), principalmente junto à ponte sobre o riacho da Lagoa do Sapo. Na época da floração, essa trepadeira exala um odor de carne podre, atraindo insetos que são digeridos pela planta.
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Lagoa do Sapo, no interior do Parque Olhos D'Água
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A fauna é bastante diversificada, principalmente em répteis e aves. Dentre os mamíferos já foram observados gambás-de-orelhas-pretas ou saruês (Didelphis marsupialis) e preás (Cavia aprea). Um dos maiores problemas do parque, é a equivocada iniciativa, por parte de alguns visitantes, de soltura de espécies exóticas. Um exemplo, é o caso das tartarugas tigre d'água americanas (Trachemys scripta elegans), que existem em grande número na Lagoa do Sapo. Na lagoa, também, é possível encontrar populações de patos domésticos e de tilápias. Alguns
anos atrás, um casal de coelhos foi solto no parque e começou a se
reproduzir, chegando a uma população de 40 indivíduos. Felizmente, todos
os coelhos foram retirados por técnicos
ambientais. Outro fato negativo é a atitude de certos frequentadores em levar alimentos para os animais. Esse comportamento é preocupante do ponto de vista ecológico e sanitário, visto que acaba atraindo ratos e ratazanas para as áreas do parque.
MATA DE GALERIA
A trilha interpretativa, coordenada pelo Major Fraga, teve como finalidade pedagógica apresentar aos alunos nascentes da Lagoa do Sapo, bem como as matas de galeria que a circundam. Na ocasião, o Professor Fraga também explicou aos discentes a definição de mata de galeria, bem como os inúmeros serviços ecossistêmicos que esse tipo de vegetação presta à comunidade.
Mata de galeria do entorno da Lagoa do Sapo, interior do Parque Olhos D'Água
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essas duas atividades de Educação Ambiental foram muito significativas, pois oportunizaram aos discentes a experiência de conhecer uma área recuperada, assim como a biodinâmica das matas de galeria.