O segundo momento de nosso trabalho de conscientização socioambiental, teve como fio condutor de nossas ações didáticas, o filme "A história das coisas".
Este documentário, dinâmico e objetivo, abordou diversos assuntos relacionados a temática ambiental. Entretanto, o ponto crucial do vídeo, foi a problematização dos impactos socioambientais negativos que o consumo desenfreado e irracional vem causando no equilíbrio dinâmico dos ecossistemas naturais, assim como na saúde e bem-estar dos seres humanos.
O filme igualmente mostra de maneira bem didática, como que funciona a mecânica de uma cadeia produtiva, isto é, todo o processo de nascimento e morte de um determinado produto, que vai desde a extração da matéria prima, confecção, venda e descarte na forma de lixo.
Depois que foi exibido o filme, empreendemos um breve intervalo, com o objetivo de promover uma interação social descontraída e exorcizar os fantasmas do sono pós almoço. Terminado o intervalo, foi empreendida uma plenária de debates em torno dos assuntos que o filme abordou.
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Major Fraga e professor Salomão mediatizando o debate entre os alunos |
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Aluno defendendo seu ponto de vista ante os colegas e professores |
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Exercitando as habilidades da oratória e da argumentação racional |
Desse momento fecundo e bastante dialético, irromperam as seguintes reflexões:
a) Normose, uma doença da "normalidade"
O termo normose pode ser entendido como sendo uma doença da "normalidade", uma obsessão patológica por ser normal. Trocando em miúdos é a gente achar que o errado é o certo, a mentira a verdade, o vício a virtude, etc.
A pessoa normótica considera normal os senhores do agronegócio em conivência com os gestores públicos inescrupulosos, desmatar o bioma cerrado, para transformá-lo na rentável e lucrativa monocultura de soja; pensa ser normal, saquear os recursos naturais sem levar em conta o respeito pelo solo, água, ar e a biodiversidade; acredita ser normal, que em nome do progresso material e da mundialização econômica, podemos exterminar impiedosamente a multimilenária diversidade cultural da humanidade, etc.
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Charles Chaplin no filme "Tempos Modernos", problematizando a normose profissional |
Não há nada de normal, quando o comportamento humano está focado na destruição insana do meio ambiente natural e social.
Temos que fazer um esforço, para romper os grilhões que nos prendem a essa normalidade patológica. É preciso de nossa parte, uma certa "indignação" no sentido de alertar nossa comunidade que nós não compactuamos de forma alguma com o comportamento parasita e predatório de algumas pessoas - grandes corporações, empresários, políticos, cidadãos comuns, etc. - que se apropriam do meio ambiente com um único objetivo: privatizar os lucros e socializar os prejuízos.
b) Mídia como ferramenta ideológico publicitária
Lamentavelmente, a mídia de uma maneira geral tem sido uma ferramenta ideológico publicitária incentivadora do consumismo exacerbado. Toda propaganda comercial é idealizada com o objetivo de despertar no telespectador falsas necessidades de consumo.
Daí o imperativo de exercitarmos sempre a criticidade e o bom senso diante de qualquer propaganda que tenta sutilmente nos induzir consumirmos algo de que não temos necessidade.
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A cultura formatando nosso psiquismo para o consumismo |
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Uma sociedade sustentável e sustentada não se deixa levar por comerciais falaciosos. Pelo contrário, uma sociedade com essas características, sempre opta pelo consumo sustentável. Mas o que significa consumir de forma sustentável? Significa escolher produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produção e que garante emprego decente aos que produziram, e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados.
c) As populações indígenas com o meio ambiente natural
As populações indígenas se relacionam com o meio ambiente de maneira sustentável e respeitosa. Para eles, a terra é o espaço em que vivem e tem valor cultural, pois dá a eles, seus frutos: a floresta presenteia os caçadores com animais de que necessitam para a sobrevivência e os rios oferecem os peixes que ajudam na alimentação. Tudo isso é um presente da "mãe natureza".
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A "Mãe Terra" tudo dá prodigamente |
Diferentemente, dos povos ditos civilizados, os povos indígenas têm uma profunda intimidade com o meio em que vivem. Conhecem os animais e as plantas, a forma como crescem e se reproduzem e quais podem ser utilizados para a alimentação, para a cura de seus males ou para seus ritos.
Concluindo, esse encontro foi bastante instrutivo e formativo. Os alunos puderam compreender a diferença entre religião e espiritualidade trans religiosa; a dinâmica de uma cadeia produtiva; psicologia de indução ao consumismo desenfreado que perpassa subliminarmente (processo de hipnose sutil) nas propagandas de fundo ideológico publicitário/mercadológico.